segunda-feira, 24 de março de 2014

Escrevo 


Escrevo para não perder a crise,
vou com cara de acerto de contas, 
dessas contas da vida que é o molejo das minhas palavras meio tontas
e que não sei se irão me salvar a doçura ou essa mesmice.

Não tem nome o que sinto,

talvez seja algum tipo de instinto,
a forma que encontrei pra me defender.
Inferno e paraíso juntos no mesmo dizer. 

Pois minha temperatura já não é normal,
tudo ficou alterado de forma banal,
por isso vou de coração minado,
desconfiado,
enfurecido,
desconcertado.

Escrevo para não perder o tino,
para resumir o drama,
por desforra do destino,
para me absolver dos pensamentos impublicáveis gerados na minha cama.

Escrevo para me curar
da loucura que me fez calar,
e, para quem sabe, por meio de versos,
diluir um pouco o veneno deste mundo controverso.



Mirella Medeiros